30 novembro, 2011

Life on Mars

Não sei propriamente como começar. O "ficou tanto por dizer" soa demasiado cliché, mas no entanto é uma dura verdade. Não sei o que dói mais, onde dói mais, não sei atrás de não sei. 
Em vão tento procurar um sentido para tudo, mas tu deixaste-nos a rodopiar indefinidamente num tempo ao qual já não pertences. Custa ver-te como algo que já não é. Ainda estás aqui e ainda sinto o calor dos teus argumentos a batalharem contra os meus em conversas longas de café ou de sofá. Ou o simples soar de uma gargalhada tua enquanto víamos algo sentido num fim de tarde de Inverno.
É estranho no entanto conseguir escrever sobre ti no passado, quando tudo o que foste e és ainda me está tão à flor da pele. 
Por vezes penso no que te diria se te pudesse voltar a ver mais uma vez, só mais uma. Que lamento aquela volta de 2CV que nunca chegou a acontecer? Ou as vezes que prometi telefonar e algo do meu patético quotidiano teve prioridade?
Pergunto-me o que teria mais significado para ti: desculpar-me por tudo em que te falhei ou agradecer-te pelo que sempre fizeste por mim? Cada dia que passa a quantidade de "obrigados" que ficou subentendida torna-se um bocadinho mais insuportável. Quase mais que a tua ausência.
Isto vai soar como um mau romance de adolescentes, mas tomei-te como garantida e perdi-te. Isso é coisa de amores impulsivos e ainda por maturar, não de vida, não de amizade. Mas a verdade é que sempre pensei que ias estar ali, por mais distante que eu estivesse.
Só para que saibas ainda guardo o rótulo do vinho Donna Carlotta, voltando às coisas que te diria. São tantas e acho que por um lado é bom que assim seja, que não te volte a ver, haveria sempre de me esquecer de algo e massacrar-me mais um par de semanas por isso.
Tu tens o defeito de me fazer voltar a mim. A um eu do qual desisti ou simplesmente decidi esquecer que alguma vez existiu. 
Lembras-te com a fotografia? Era um desses casos, provavelmente mais de desistência do que outra coisa. Foi uma paixão e como todas as grandes paixões de adolescente, foi intensa, vivida ao máximo, mas curta. Foste o primeiro anos após este desistir de mim, a me dizer que afinal valia mais do que pensava, que este amor era bom de alimentar. Com a tua ajuda, escolhi algumas fotos e concorri a um livro de fotografia, só para ver se tinhas razão e tinhas. Aliás, tens sempre. E desde aí passou a fazer parte de mim e não algo que poderia ter sido.
E agora, um ano depois da última vez que aqui estive, fazes-me novamente querer escrever. Este despejar de tudo o que me faz saltar uma pulsação ou respiração. Este eu que há muito ignorei.
Talvez um dia consiga exprimir o quanto te devo, o quanto desejava que o soubesses. Mas não te preocupes, vou continuar a escrever-te. Nem que seja por um pouco de conforto de alma...

Um mimo,
C.

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