29 junho, 2006

Fria, calada e secreta


É uma noite fria.
Sim, daquelas noites frias em que percebemos realmente que o Verão está a acabar (se não é que já acabou).
Está escuro e a minha única companhia são os candeeiros, que fazem com que a noite não pareça tão escura e fria como é realmente.
Isso, ou os carros que passam de uma em uma hora, que mandam beatas e garrafas pela janela ao som de algo apelidado de "música-de-discoteca".
Consigo (e tento) apreciar o silencio. Ouço os grilos. São o único ruído, para além do barulho da rebentação do mar.
Vou a caminho de casa, foi uma noite longa. Estou sozinha e estou bem.
Gostava de te ter a meu lado, sim, a ti. A tua voz a mim nunca me incomoda.
Queria ter-te aqui comigo, queria que falasses sobre os teus gostos, e quem sabe desgostos. Que me dissesses o que te faz feliz (faço-te feliz?) e o que te faz chorar. E então eu dizia: "Está frio", e tu olhavas para mim e lançavas-me um sorriso e aí sim.
Aí saberia exactamente, que aquela noite, não foi fria despropositadamente.

Carlota R.

Expressão & Dor


Os sentimentos andam à deriva,
As emoções confundem-se.
O corpo expressa-se de uma forma inimaginável,
De uma forma, que mais nenhum ser consegue.
Chora de sofrimento,
Contorce-se de dor,
Cria sombras melancolicamente depressivas.
Ouve-se gritos,
A noite caí,
E alguem tem o coração nas mãos..